O MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA, AS CARTAS INTERNACIONAIS E O SABER PENSAR O ESPAÇO

    Nesta aula, o professor começou por abordar a questão de ter sido fundado o Mestrado em ensino de História e Geografia pela então ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no ano de 2007 juntando assim as 2 disciplinas, isto que era uma tendência internacional de reduzir o peso das Ciências Sociais no currículo. 
    Com isto, o professor Sérgio Claudino, a 23 de Maio de 2011, lançou uma petição pública juntamente com o apoio de outros professores e Associação de professores de Geografia enviada à Assembleia da República (AR) em Dezembro desse mesmo ano. Em Março de 2012 foi discutida a petição na AR e a 14 de Maio de 2014 surge o decreto-lei nº.79/2014 que estabelece a criação do Mestrado em Ensino de Geografia, começando o mesmo a funcionar no ano de 2015 com o intuito de ter melhor formação para os futuros professores de Geografia. Depois disto, o professor relativamente à temática da cidadania presente nos professores lançou ainda uma questão: Quando se fala em cidadania até que ponto é que uma pessoa que não tem envolvimento cidadão, consegue depois ser um professor comprometido nas suas aulas com a cidadania? Para mim, a resposta é clara: NÃO CONSEGUE! Um cidadão desprovido de preocupações com o meio que o rodeia, não conseguirá ser um cidadão consciente dos problemas e muito menos um professor que instruirá os alunos a terem melhores comportamentos perante as questões de cidadania.

    Passámos depois para as Cartas Internacionais da Educação Geográfica, em que foi relembrado o que se falou na aula anterior sobre a de 1992, destacando-se a sua questão central: os direitos humanos. Esta surgiu no período do final da Guerra Fria, queda do muro de Berlim, e com a implosão da União Soviética, existindo assim um olhar mais atento sobre esses direitos. Os países muçulmanos, opus-eram-se a chamar direitos humanos, chamando direitos do Homem, o que incide a meu ver numa mentalidade completamente machista e desaquada. A carta refere-se ainda a temáticas subjacentes a esta problemática da Guerra Fria e da União Soviética, sendo elas a pobreza, refugiados, migrações, etc. Os problemas sociais são questões eminentemente geográficas e o professor de Geografia deve abordá-las para perspetivar um mundo melhor. Em 2016, surge outra Carta Internacional para a Educação Geográfica que se destaca por ser uma carta mais técnica, um plano de ação para os professores, mais dirigida para uma melhor qualidade do ensino, introduz também a temática dos SIG (tecnologias), refere uma aprendizagem baseada em problemas e ainda a necessidade de investigação no âmbito do ensino da Geografia. Comparando as duas, pode-se dizer que a Carta de 2016 é menos inovadora que a de 1992, não traz grandes novidades e não é tão rica em ideias.

    Para a segunda parte da aula, começámos a abordagem ao texto Saber Pensar o Espaço de 1985 da  professora belga B.Merenne-Schoumaker, especializada em Geografia dos serviços e que tem ainda um livro de didática da Geografia. Este texto passa por 4 princípios:

  1. O ensino da Geografia no secundário não pode ser uma diluição da Geografia Universitária; 
  2. Trata-se menos de aprender Geografia do que dar Educação Geográfica;
  3. A Geografia deve ajudar não somente o adolescente a ter um olhar sobre o mundo, mas deve constituir um verdadeiro utensílio de formação;
  4. Almejar-se levar os alunos a "saber pensar o espaço".
    Destaco dos pontos acima referidos que os currículos do secundário não devem ser feitos com base nos do ensino superior de uma forma astirador e sendo replicados de forma mais curta no secundário, mas deve-se sim pensar no que é importante realmente que os alunos aprendam; Deve haver a distinção entre Geografia e Educação Geográfica, aprender menos com a Ciência e ter uma maior educação generalista em Geografia, uma vez que os professores de Geografia não estão só a formar futuros geógrafos, estão também a formar cidadãos das mais variadas áreas que devem ser, a meu ver, e, claro está, responsáveis e conscientes dos problemas do seu quotidiano e do meio que os rodeia; A Geografia deve ainda levar a "saber pensar o espaço", de forma a que compreendam e interajam no mesmo e com isto, ajudar a sentirem-se bem no espaço que ocupam e em que vivem.O texto aborda ainda as questões chave da educação geográfica, sendo elas: O quê? Quem? Onde? Como? Porquê? Qual a evolução provável? O que fazer?. Saliento aqui a questão do o que fazer, uma vez que a educação geográfica deve procurar soluções para os desafios que encontra e lhe são apresentados. Por fim, os conceitos principais aqui presentes são a localização; a interação; a distância; a escala; a mudança-permanência; o espaço; o raciocinio geográfico.

    O sumário desta aula foi: A primeira Carta da Educação Geográfica mais inovadora porque valorizava os direitos do Homem e os problemas sociais e ambientais, enquanto que a segunda carta tem um cariz mais técnico e é menos ambiciosa. A Educação Geográfica não é uma diluição da disciplina de Geografia, deve-se preocupar com os problemas quotidianos.

Saber Pensar o Espaço de B.Merenne-Schoumaker






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